Confrontando o Crítico na Terapia do Esquema: Abordagens por Estágio e Tipo de Crítico

Confrontar modos críticos, como o Crítico Punitivo, o Crítico Exigente e o Crítico Indutor de Culpa, é um desafio essencial na Terapia do Esquema. Remco Van der Wijngaart, especialista em Terapia do Esquema, descreve como é possível ajustar as abordagens para confrontar esses críticos, variando de acordo com o estágio da terapia e o tipo específico de crítico. Esta flexibilidade permite que o terapeuta adeque suas intervenções para atender às necessidades do paciente de forma personalizada e eficaz.

Fases da Terapia e Confronto dos Críticos

Na Terapia do Esquema, a forma como o crítico é confrontado muda conforme o paciente avança no tratamento. Essa progressão pode ser comparada ao desenvolvimento infantil, onde o terapeuta atua inicialmente como uma figura parental firme e, ao longo do processo, gradualmente passa a ser um orientador e, finalmente, uma figura de suporte para o adulto saudável.

  1. Fase Inicial: Confronto Direto e Claro
    No início da terapia, o paciente frequentemente precisa de uma mensagem clara e inquestionável para identificar e confrontar o crítico. Esse confronto direto ajuda o paciente a entender que o modo crítico é prejudicial e a desenvolver uma rejeição inicial às mensagens negativas do crítico. Durante essa fase, o terapeuta pode usar o trabalho em cadeira, onde atua como o “protetor” que coloca limites firmes para o Crítico Punitivo, transmitindo ao paciente a sensação de segurança.
  2. Fase Intermediária: Coaching e Autonomia
    Conforme o paciente se torna mais familiar com o modo crítico e mais confiante em si mesmo, o terapeuta adota uma postura de coaching, incentivando o paciente a começar a confrontar o crítico de forma autônoma. Nessa fase, o paciente é encorajado a explorar e refutar as mensagens críticas, fortalecendo o modo Adulto Saudável e ganhando independência para lidar com o crítico.
  3. Fase Final: Integração e Reconciliação
    Na fase final, o paciente está preparado para integrar o crítico como uma forma saudável de autocrítica, adaptada ao seu modo Adulto Saudável. Aqui, o crítico já não exerce um papel opressor; ao contrário, ele é ressignificado como uma forma de cuidado, onde o paciente desenvolve uma autocrítica equilibrada e realista.

Diferentes Tipos de Crítico e Suas Abordagens

Cada tipo de crítico exige uma abordagem diferenciada, pois eles surgem de esquemas e experiências únicas. Van der Wijngaart destaca que o sucesso do tratamento depende da escolha correta da abordagem para o tipo de crítico:

  1. Crítico Punitivo
    Este crítico está associado a mensagens de desvalorização e vergonha, que o paciente acredita serem verdades sobre si mesmo. Nesses casos, a confrontação precisa ser forte e direta, desafiando as mensagens de “você não é bom o suficiente” e reforçando que o paciente merece respeito e empatia.
  2. Crítico Exigente
    O Crítico Exigente exige perfeição e disciplina do paciente. Com esse crítico, a confrontação precisa incluir uma reestruturação cognitiva, onde o terapeuta ajuda o paciente a entender que o descanso e a autocompaixão também são valiosos. O foco aqui é desmistificar a crença de que perfeição é necessária para validação.
  3. Crítico Indutor de Culpa
    Este crítico é menos direto, frequentemente implicando que o paciente é um fardo ou que suas ações causam sofrimento aos outros. A abordagem terapêutica é focada em tornar essas mensagens explícitas e mostrar ao paciente que ele não é responsável pelo sofrimento alheio. Essa abordagem também inclui trabalhar com a identificação de necessidades e sentimentos próprios, desenvolvendo a capacidade do paciente de se ver de forma autônoma.

Exemplo Clínico: Aplicando as Estratégias

Em uma sessão com um paciente com Crítico Exigente, o terapeuta pode usar a reestruturação cognitiva, pedindo ao paciente para listar as situações em que descansar foi essencial para seu bem-estar. O terapeuta ajuda o paciente a perceber que a autocrítica excessiva leva ao esgotamento, reforçando que equilibrar suas expectativas pode trazer mais benefícios.

Conclusão

A abordagem de confrontação adaptativa desenvolvida por Van der Wijngaart permite que a Terapia do Esquema responda às nuances emocionais e cognitivas de cada paciente. Confrontar o crítico é uma parte fundamental da terapia, que ajuda o paciente a fortalecer o modo Adulto Saudável e a desenvolver uma autocompaixão genuína. Ao ajustar a intervenção de acordo com o estágio da terapia e o tipo de crítico, o terapeuta oferece ao paciente uma jornada personalizada e transformadora em direção ao autoconhecimento e à aceitação.

Referência: WIJNGAART, Remco. SCHEMA THERAPY BULLETIN. SUMMER 2023. ISST.

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